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VAMOS FALAR DE POESIA?
Por: Mattusstyle em 08.10.2023 às 21:29
POESIA
Para mim é um desafio. Acredito que na maioria dos casos, a poesia é o berço do pensamento.
É um formato de escrita desafiante.
Alguém escreveu que a poesia é uma linguagem com predominância metafórica.
A poesia é um conjunto de versos agrupados em estrofes. Pode ter rimas e métricas (silabas poéticas) ou não.
Os poetas deixam-se guiar pela criatividade, e sobretudo pela sensibilidade…
Pode ser usada para refletir e como arma de propaganda (fins críticos).
Podemos classifica-la como beleza estética da escrita.
Tipos e poesia:
- Lírica
- Épica
- Dramática
- Erótica e Satírica
- Odes (Poema de exaltação)
À POESIA - SONETO
Por: Mattusstyle em 09.10.2023 às 10:16
Á POESIA – SONETO!...
Na escrita da poesia me perco,
sem encontrar ou ver a saída,
não sei se estou longe, se estou perto!
Não sei se fico, ou estou de partida.
Mesmo que me perca algo me seduz,
ver na poesia uma porta certa.
Mundo de ilusão, mas cheio de luz,
deixando pegadas numa estrada aberta.
É chorar e sorrir no mesmo instante,
ter ao mesmo tempo mulher e amante,
que me leva ao céu, transporta à lua,
que é uma joia, um diamante,
cuja chama, se mantém constante,
esteja ela vestida ou esteja nua.
04.07.2023
AI O AMOR - SONETO
Por: Mattusstyle em 09.10.2023 às 22:10
Amo-te muito querida… adiante,
amor intenso e de verdade.
És tudo… mulher e amante,
para o amor nunca é tarde.
Amo-te, é pura realidade,
um amor saudável e constante,
sem ti morro de saudade e…
penso em ti a cada instante.
Amo-te pura e simplesmente
com emoção e solicitude,
um amor que é permanente
amor puro e com virtude,
Não sei se foi suficiente,
dei-te tanto quanto pude.
09.10.2023
APRIGIO, O BOY PS!...
Por: Mattusstyle em 19.02.2023 às 11:15
Este texto é todo ele ficção. Qualquer aproximação à realidade, é pura coincidência.
O Aprígio era um homem muito atarefado. Ser boy PS dá muito trabalho. Uma hora por dia para a sua condição é muito tempo e cansativo.
Fumava muito e falava demais. Fumava e falava sem filtros. Falava a direito sem pensar no que dizia. Os cigarros eram charros feitos com folhas de canábis!
Todos os dias, lá estava ele na sede concelhia do seu partido. Por estas e por outras, é que tinha muitos privilégios.
Na altura das eleições, corria o país todo, e durante esse tempo, ir a casa era só de quando em quando. Usava o seu próprio carro em muitas destas eleições, fossem elas autárquicas, legislativas ou presidenciais.
O tempo para estar com a mulher e filhos, era escasso. As discussões por causa disso, sucediam-se umas atrás das outras. Trocava a mulher e filhos pelos privilégios de boy. Por vezes nem a casa ia dormir!
A mulher martelava-lhe a cabeça constantemente, mas ele não queria saber. Primeiro estava o partido.
Mas a sua paciência chegou aos limites. Um dia, disse à mulher que ia comprar cigarros e não voltou mais. Durante muitos anos não deu sinais de vida para a família.
A mulher, que até aí não fizera nada, teve de trabalhar para poder criar os filhos. Por sorte, algumas das amizades do marido, valeram-lhe na hora da aflição. Arranjaram-lhe um emprego na Câmara.
A sua vida não mais foi a mesma. Teve tudo que era bom. As idas ao restaurante, cabeleireira, arranjar as unhas e comprar roupa, deixaram de ser frequentes. Sentiu-se arrependida das discussões que teve com o seu homem. Comentou isto com uma amiga e esta disse-lhe: Perdeste uma boa oportunidade de estar calada.
Não perdeu muito tempo. Arranjou um amante abastado com alguma fortuna. Só que o desgraçado, apercebeu-se que ela tinha uma carteira sem fundo. A sua fortuna foi diminuindo drasticamente. Sem mais nem porquê, pôs-se o fresco, desapareceu da vida dela.
Enquanto isto, o Aprígio, também arranjou uma amante. Teve a mesma sorte do amante da mulher. De um momento para o outro, deu conta que estava teso, e endividado até ao pescoço. Ela era viciada em compras!
Vai daí, meteu-se em vigaras habilidades, dando a cara em negócios de ministros e secretários de estado. Ao princípio, a vida correu-lhe muito bem. Parte dos dinheiros das derrapagens no custo das obras tuteladas pelos tais ministros e secretários de estado, eram o suficiente para levar uma vida à grande e à francesa!
Numa investigação de fraude levada a cabo pela polícia judiciária, o seu nome apareceu na lista dos suspeitos.
Antes ainda desta lista aparecer na comunicação social, o seu chefe hierárquico no partido, proibiu-o de entrar na sede concelhia e retirou-lhe todos os privilégios. Quando se tornou conhecida a referida lista, o seu partido disse através de um porta-voz, que não sabiam de nada, não viram nada, e nunca ouviram falar do assunto. O Aprígio ficou entregue à sua sorte.
O homem ficou na miséria e a amante correu com ele de casa. Viveu algum tempo na rua como sem abrigo. Mas um dia a sorte bateu-lhe à porta, quer dizer, na caixa de cartão onde dormia.
Uma voluntária de uma organização que dava apoio aos sem abrigo, solteirona e encalhada, esbarrou-se com ele numa das entregas de alimentos. Conversa puxa conversa, convidou-o para a casa dela. Esta, enquanto conversava, ao mesmo tempo pensava, porque não? É melhor este que nenhum. Anda cá meu rico amor. E assim começou uma vida nova para os dois.
O tempo não espera e a idade não perdoa. Num daqueles dias, foi atacado pela saudade, da mulher e dos filhos. Estes últimos já eram adolescentes. A deambular pelas ruas, deu por si à
porta da mulher. Bateu de mansinho e ela apareceu. Pediu perdão e disse que queria voltar. A mulher nem o ouviu e caiu-lhe em cima com um chorrilho de insultos, usando quase todos os termos que existiam no calão. Achou logo que foi má ideia. Pediu licença para falar e disse que se tinha esquecido de comprar um isqueiro. Que ia, mas que voltava. Mas não voltou mais.
POESIA LIVRE - MAR DE CALMARIA
Por: Mattusstyle em 22.09.2023 às 09:46
Navego num mar de calmaria,
neste mar, de águas de solidão,
sinto a tormenta, dia após dia,
no acelerar do meu coração.
Procuro há muito um beijo molhado
com sabor a maresia, deveras salgado.
Na crista das ondas me deixo levar
para outra dimensão, sem nunca parar.
Calemas, neblinas, que tenho à mão,
para vencer numa luta desigual,
guiado apenas pelo meu coração,
esperando apenas ser feliz no final.
A minha opção, o meu destino,
no mar calmo, sem orientação.
As lições de quando era menino,
precisava agora, tê-las à mão.
Procurei aventuras para não me afogar,
desapareceu o Norte, encontrei outra via,
atacou-me o desespero, quase morria,
caí nos teus braços para me salvar.
Olhares sobre o Mar – O Mar em Poesia
Coletânea de poemas sobre o mar
CHEIO DE BOAS INTENÇÕES...
Por: Mattusstyle em 07.12.2021 às 10:36
Madre Teresa de Calcutá estava muito cansada de trabalhar praticando o bem.
Exausta, foi-se deitar. Adormeceu imediatamente. Ao acordar pela manhã, deu-se conta que estava morta.
Chegou ao céu completamente estafada da viagem. Tinha fome. Pediu a Deus o jantar. Ele, Deus, deu-lhe uma sanduiche de mortadela com pão de centeio. Ela olhou para baixo e viu no inferno
os homens a comerem um jantar que era um autêntico banquete! Não questionou.
No dia seguinte foi a mesma coisa, jantar igual. E só havia uma refeição por dia! No outro a seguir, a mesma coisa! Então, a Madre atreveu-se a perguntar:
- Meu Deus, porque é que nós só comemos sandes com pão de centeio e eles no inferno comem do bom e do melhor. Banquetes todos os dias?
Então Ele responde-lhe:
- Teresa minha amiga, achas que vale a pena cozinhar para apenas duas pessoas?
CRÓNICAS DE ANGOLA - UMA SIMPLES VISITA
Por: Mattusstyle em 11.10.2023 às 14:05
Pouco depois desta fábrica de cervejas Nocal ter sido inaugurada, na periferia da cidade de Luanda, trabalhava eu, embora ainda muito jovem, no Tribunal de Trabalho.
Os meus colegas, eram bastante mais velhos que eu. Organizaram uma visita a esta fábrica de cervejas. Não entendi o porquê. Mas depois percebi perfeitamente. Queriam beber à grande e de borla!
Ofereceram realmente muita cerveja, até onde se pudesse aguentar. Vinha diretamente de um barril enorme. Eu não queria beber mais que um ou dois copos, que por sinal eram grandes, tipo “canhangulos”.
Chamaram-me de fraco, que não aguentava um copo, e incentivaram-me a beber. Enchi-me de orgulho, e na minha condição de macho, fui bebendo, até perder completamente o controle. Tolérias da juventude!
O tempo passou sem que eu desse por isso! Quando resolveram sair, eu não consegui à primeira, levantar-me do banco onde estava sentado! Parecia que tinha os bolsos cheios de garrafas de chumbo. Com algum esforço, consegui levantar-me e chegar ao exterior, onde os outros foram chegando.
Às tantas, fizemos uma roda e começamos a fazer xixi para o meio, vertendo toda a urina acumulada na bexiga.
Naquela altura, a estrada de acesso, ainda era em terra batida. Na véspera, tinha chovido, e os buracos na estrada eram muitos.
Desloquei-me para lá, numa vespa 50 cc que tinha. Lembro-me perfeitamente que tive de contornar aqueles buracos para não cair.
A visita acabou tarde. Despedimo-nos, e cada um regressou às suas casas.
Montei na minha lambreta, com ela ainda no descanso. Sem a tirar do mesmo, arranquei e fui para minha casa no Maculusso. Os buracos na estrada desaparecerem, aliás, eles não desapareceram, eu é que não os senti!
Os semáforos da cidade de Luanda, estavam aquela hora, todos intermitentes. Não foi preciso parar em cruzamento algum.
Consegui chegar à rua em frente à minha casa. Como era costume, muitos familiares conversavam à porta. Viram perfeitamente eu pôr a Vespa no descanso, e no mesmo instante cair como um tordo, ficando completamente inconsciente. Escusado será dizer, que não consegui lembrar-me do que aconteceu a seguir!
Acordei no dia seguinte com uma brutal ressaca, sem saber como fui ali parar. As bebedeiras durante a minha vida toda, grandes ou pequenas, podem-se contar pelos dedos de uma só mão. Mas esta, foi monumental! Como cheguei a casa não sei. Talvez a aragem noturna e fresca dê para explicar. Se tivesse de parar em algum sinal vermelho, seria aí que eu desmaiava.
E assim, no deslizar das rodas da minha lambreta, numa simples visita à NOCAR (Nova Organização de Cervejas de Angola, Lda.), deu esta história. Aventura do caraças!
NÃO TÈM DE SABER!...
Por: Mattusstyle em 03.10.2023 às 11:34
Ninguém precisa saber,
se estou triste ou alegre,
se estou doente a sofrer
com dores de cabeça ou febre.
Não tenho de dizer o problema,
se estou indeciso ou num dilema,
se estou mal, e de mim tenho pena,
se a alma é grande ou é pequena.
Não vos digo se me sinto a mais,
ou se sou apenas mais um,
nem vos digo se vou a todo a lado,
ou mesmo a lado nenhum.
Se estou alegre ou melancólico,
quero lá saber, se querem saber,
se bebi demais, se estou alcoólico,
não vos digo, nem quero dizer.
TONS DE OUTONO!
Por: Mattusstyle em 26.11.2021 às 11:13
O Outono está aí, e bem instalado. O frio é uma constante o dia todo, mais de manhã e à noite.
Prometeram chuva no início da semana. Hoje é Sexta-feira, 26 de novembro e ainda não vi chuva alguma, no que toca à minha zona. Aliás, uma réstia de sol apareceu para suavizar o ambiente
frio da semana.
O pulmão, pequena floresta nas traseiras do prédio onde moro, apresenta cores castanhas avermelhadas. As árvores: Choupos, plátanos e outras, vão-se despindo num espetáculo que se
prolonga e vai acabar por entrar pelo inverno dentro. Aí as de folha caduca, ficarão completamente nuas!
As folhas caiem aos milhares formando no chão um tapete de várias cores. A carro aspirador, passa de-vez-em-quando, mas o vento e a natureza em geral, encarregam-se de o colocar
novamente.
Acordei cedo. Normalmente acordo cedo. Depois da higiene pessoal, instalo-me na cozinha para fazer o meu frugal pequeno-almoço. Café da manhã como dizem os brasileiros: Panquecas,
queijo e claras de ovo. Fruta, pelo menos três espécies e sumo. Desço e um tapete de folhas estende-se para mim na saída do prédio. São as honras que que a natureza me dá pela manhã!
Apesar do frio, planto-me na esplanada com alguns familiares e amigos, para tomar o café e dar duas ou três de treta. Observo e registo estas pequenas coisas de um dia como tantos
outros.
Depois do grupo se dispersar, volto para casa e estaciono-me em frente ao computador. Alinhavo as palavras e tento dar-lhe algum sentido.
Faço pequenas pousas e alongo o olhar através da janela. Nos telhados das garagens vizinhas, pousa uma gaivota. Está bastante longe do mar! Que faz aqui esta gaivota solitária? No verão
não era uma, mas duas que se juntavam nesses telhados a gatos e pombas num convívio sem conflitos. Os gatos desapareceram e as pombas não as tenho visto por cá. Será que fizeram algum
atentado à vida animal?
Parece que esta estação do ano, condiciona o nosso humor! Este como o tempo apresentam-se cinzentos e tristonhos em alguns dias.
As folhas libertadas pairam no ar como borboletas voando num único sentido, puxadas pela gravidade, caindo mortas no chão.
O tempo não para e muito menos volta para trás. Só há um sentido, para a frente. Pouco a pouco somos empurrados para o Outono e Inverno da vida. Como alguém dizia, é o destino. Mas
enquanto há vida, há que vivê-la.
REDES SOCIAS!...
Por: Mattusstyle em 15.05.2022 às 15:42
As notícias nos Facebooks desta vida, toda a gente sabe o que valem. Mas há algo nelas que tem de se realçar: A criatividade! Há talentos a circular nas redes.
O senhor Asdrúbal sentou-se na esplanada e pediu um fino. Deu uma golada e correu o dedo no telemóvel que estava em cima mesa. A expressão do seu rosto era de admiração, ao mesmo tempo que sorria. Deslizava nas páginas do Facebook.
Conseguiu surpreender-se com algumas notícias. Umas reais e outras inventadas. Encantou-se com a montagem de imagens, elogiando mentalmente a criatividade, ciente do que valem. Nesta altura do campeonato, todo o mundo sabe!
As redes sociais como meio de comunicação, tornou-se moda. Por um lado, é bom, por outro nem por isso. As conversas presenciais, cada vez são menos. Vendo estas modernices por um prisma sociológico, não é bom! A sociedade vai-se fechando e as conversas acontecem apenas à distância!
Os ventos de mudança varreram as nossas mentes. Há que aceitar? Talvez sim, ou perdemos o comboio dos tempos modernos! A pandemia encarregou-se de dar aquele empurrão que se adivinhava.
Pensar precisa-se.
Com o que está a acontecer na Ucrânia, não vale a pena dar cabo da cabeça, nem fazer previsões de longo prazo. É viver o dia-a-dia.
Ainda sou daqueles, que vou optando pela ortografia antiga. Nunca concordei com o acordo ortográfico.
TROCADILHOS SOBRE O TEMPO
Por: Mattusstyle em 13.04.2022 às 17:04
Pedi outro tempo ao tempo,
porque este tempo não presta.
Já vivi muito mais tempo,
do que o tempo que me resta!
Viver a cada momento
todo o tempo que se tem.
O tempo voa com o vento
e leva o momento também.
SAUDADE DO ALÉM MAR!
Por: Mattusstyle em 16.02.2023 às 13:22
Hoje, com o passar dos tempos,
lembro aquela terra, que tanto amei,
onde vivi, inesquecíveis momentos,
e por quem, apaixonado fiquei.
Apesar da distância, não consigo esquecer,
dos dias claros e quentes que só lá havia.
Do sol queimando o rosto, sem me aperceber,
e da brisa com sabor a sal e cheiro a maresia,
Iluminava-me um sorriso de felicidade extrema.
Uma gaivota em voo rasante procura alimento,
no mar da contracosta em constante calema,
enquanto nas nuvens, voava o pensamento.
Pensamento tolo, e por vezes triste,
de uma quimera vã, que já não existe,
Lembrança sem sentido, quando estou sozinho.
Já não o acompanho, não vejo o caminho.
A tarde passa, e ali estou eu,
quero voltar, mas sem conseguir,
cai a noite escura, escura como breu,
aprisionando o meu existir.
Coração partido de tanto pensar,
lembrando a terra, que aprendeu a amar.
Pensamento tolo que não faz sentido,
devia esquecer, mas eu não consigo.
A PROPÓSITO DE ALGUMA COISA!
Por: Mattusstyle em 21.10.2019 às 9:45
Uma cabecinha tonta de olhinhos tristes como é sua caraterística, orelhas pequeninas e caídas tapando os ouvidos, sentindo a minha presença ou a sua memória prodigiosa reconheceu o
trabalhar do motor do carro, espreitava por entre os fios da chuva que escorria pela vidraça da porta da sala, enquanto eu tentava um estacionamento nas traseiras do prédio.
Não gostava de ficar sozinho e estava ansioso que eu entrasse casa dentro e brincasse um pouco com ele. Era o Zullu, o meu cãozinho Shar Pei.
O tempo estava demasiado cinzento e chovia incessantemente. Uma bátega abundante caía impiedosamente do céu, inundando tudo à volta. A rua parecia um rio. As sargetas estavam
completamente entupidas com folhas devido à falta de limpeza que devia ter sido feita enquanto não acontecem estes temporais.
Eu nem tinha guarda-chuva e não sabia se havia de enfrentar aquela carga de água ou esperar que passasse. Estava para durar e não tive outro remédio. No pequeno percurso até à
entrada do edifício, encharquei-me até aos ossos. Tive de mudar toda a roupa e os sapatos. É a vida!
Isto aconteceu há bastante tempo atrás.
É sabido que o meu cãozinho partiu numa viagem sem regresso, morreu.
Não é a primeira vez que escrevo algo sobre o meu amigo de quatro patas. Ele viveu todos os dias dos anos da sua existência fazendo-me companhia e era o meu confidente nas horas
boas e más.
Quando conversava com ele, levantava o focinho e ficava longos segundos naquela posição fitando os meus olhos, escutando com atenção o que lhe estava a dizer, parecendo entender o
meu estado de espírito.
Numa conversa de café, alguém estranhava o porquê de tanta treta por causa de um cão. O Zullu não era um cão qualquer. Era o meu cão! Isto faz a diferença. Ser ou não ser o meu. O
resto é tudo igual. Cada um acha que o seu é o melhor e só lhe falta falar. É o que todos dizem.
Os nossos amigos merecem o maior respeito e carinho, sejam eles cães, gatos, papagaios ou pessoas. Escrever algo a elogiar, homenagear ou simplesmente recordar esses amigos, nunca
será perda de tempo. Antes pelo contrário, é quase um dever. Dedicar prosas, poemas ou cânticos, é o mínimo que posso fazer pelo meu cão, que me deu amor, amizade, companheirismo e
compreensão sem pedir nada em troca.
A conversa de café foi a propósito de um poema que dediquei ao Zullu.
Quando pensei que nessa conversa iria ouvir um comentário relacionado com a construção literária do poema, sobre os temas das estrofes ou do encaixamento dos versos, não, não foi isso
que aconteceu!
Há gente que pensa que o amor dedicado a um animal se esgota e não chega para as pessoas. Não é verdade. O amor quando verdadeiro, chega para todos. O que seria daqueles pais com muitos
filhos se o seu amor se esgotasse apenas em um deles!
Dizem os entendidos, que qualquer criança que convive com cães será melhor criança e mais tarde melhor adulto.
Por agora é isto. Depois se verá.
CRÓNICAS DE ANGOLA - O MANDARIM!
Por: Mattusstyle em 12.11.2021 às 22:11
Naqueles tempos de outrora, trabalhei eu, numa empresa de tabacos na Rua Direita de Luanda.
Todos os anos havia uma reunião para democraticamente se discutirem promoções e troca de lugares, conforme a vocação de cada um.
Seguia-se um almoço pago pela Empresa. Um desses foi no restaurante chinês “Mandarim” na Ilha do Cabo.
Devo informar que nada tinha a ver com os atuais restaurantes chineses.
Havia sempre funcionários atentos para que nada faltasse aos clientes.
Além do autêntico manjar de alimentos sólidos, o vinho foi rosé fresco, adocicado e bom. No que me diz respeito, bebia o respetivo conteúdo e virava-me para falar com o colega
do lado. Quando olhava, o copo estava novamente cheio sem que desse por nada. Perdi por isso, o controlo dos exercícios de levantamentos de copos e apanhei uma monstra bebedeira,
a segunda maior, das muito poucas da minha vida!
Durante toda a minha existência, podem-se contar pelos dedos de uma só mão.
No regresso a casa, apanhei boleia de uns colegas. Tive de fazer um esforço muito grande, para não sujar o carro, de quem gentilmente me transportou até à minha residência.
É esta a minha maior recordação do Mandarim.
Obrigado ao Grupo “Luanda do Antigamente” por ter trazido esta foto inesquecível para o presente.
VIVER!...
Por: Mattusstyle em 09.10.2023 às 23:10
Apenas precisava viver,
era só isso que queria.
O resto? Vamos a ver,
quando chegar esse dia.
Ninguém me venha dizer
que a vida é boa ou má.
Só preciso de saber
onde a sabedoria está.
Bato à porta, mas ninguém
está lá está para abrir,
procuro refúgio em alguém,
só me apetece fugir.
Vagueio por aí cansado,
sem saber o que fazer,
bato na porta do lado,
ninguém me vem atender.
Vou embora, vou pró mar,
encontrar minha medusa,
ou caminhar sem parar,
todo o mundo me recusa!
Espero a cada segundo,
Abastecido de esperança,
neste conturbado mundo,
que aconteça uma mudança.
SAUDADES DE LUANDA!...
Por: Mattusstyle em 11.11.2021 às 23:06
Num outro tempo
Libertava o pensamento
Tempo que vivi feliz,
Tempo com tempo, com se diz,
Na terra com encanto e magia,
Do por do sol na baía
Da Luanda onde um dia
Vivi a vida sem medo
E partilhei o segredo
De por ela me enamorar.
Cantava trovas ao luar
Via mulheres a dançar
Vestidas de panos catitas
Nas frenéticas rebitas
Onde fui feliz um dia
E esse dia teve um fim.
Uma louca nostalgia
Cresce de dia para dia
Aos poucos dentro de mim.
MAR REVOLTO!
Por: Mattusstyle em 21.09.2023 às 16:04
Numa noite fria, agreste e cinzenta,
vagas violentas as rochas castigavam,
numa convulsão, ora forte ora lenta,
sons do farol os pescadores avisavam.
A areia revolta, subia e descia,
num vai e vem constante, assolando a praia,
aquela mesma, onde o guerreiro dormia,
essa areia fina, seu lençol de cambraia.
Gritos aflitivos que vinha do mar,
alguém lutava nas ondas, decerto,
desesperadamente, para se salvar,
pois já via a praia, estava tão perto.
Perdeu as forças, morreu ao chegar
O mar venceu, numa luta desigual.
Faltava tão pouco, não conseguiu mais nadar,
muitas vezes acontece, é este o final!
Ó mar, ó mar, que não poupas ninguém,
consegues levar muita gente p’ro fundo.
Tens muitos encantos e perigos também,
ceifas muitas vidas segundo a segundo.